quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Você pergunta, o Blog responde: Qual é a diferença entre RAPID e VIT?

      Há alguma diferença? Sim. Apesar de essas duas palavras até serem equivalentes no significado, elas pertencem a classes gramaticais diferentes e, por este fato, têm a colocação dentro da frase regida por regras! Ai as regras gramaticais... Vamos lá entender mais essa?
     "RAPID" é adjetivo e "VIT" é advérbio. Assim sendo, temos de entender onde se deve colocar um adjetivo e um advérbio na frase, para sabermos usar esses termos corretamente. Mas, antes, vou mostrar a vocês, na prática, que os falantes de vários idiomas (incluindo o nosso) confundem adjetivos e advérbios toda hora. Os falantes do inglês então!!!! Ai se todos que falam inglês entendessem de gramática. (risos!) Vou-lhes dar um exemplo do português.
     Vocês já viram em algum lugar escrito assim: "Revistas grátis". Bem, essa frase não é a mais correta1. Na verdade, "grátis" é um advérbio, e nessa frase deveria aparecer um adjetivo. A frase deveria ser: "Revistas gratuitas", afinal "gratuita" é adjetivo. Viu? Nós confundimos todo o tempo. Vamos entender o que as regras dizem.

     Adjetivo A definição básica é: “Toda palavra que se refere a um substantivo indicando-lhe um atributo”. Gravem bem isso! O adjetivo indica um atributo a um substantivo. Isso quer dizer que temos de observar se ao redor da palavra “rapid” está um substantivo, se estiver, podemos utilizá-la em vez de “vit”. Veja dois exemplos abaixo e qual está correto e qual não está.

1)      Mwen te pale rapid (Falei rápido)
2)      Polis la rapid lè yon moun bezwen yo 
(A polícia é rápida quando alguém necessita dela)

     Na primeira frase, repare que “rapid” está depois de um verbo. Ali deveria estar um advérbio, não o adjetivo “rapid”, afinal adjetivos só qualificam substantivos.
      Na segunda frase, no entanto, o adjetivo “rapid” está qualificando o substantivo “polis”. O uso segue o padrão gramatical. Na língua falada as duas formas podem ocorrer, na língua formal escrita não deve ocorrer, mas e se você viu isso ocorrer?! Bem, não é o padrão gramatical. Se essa confusão ocorre no português em grandes jornais, revistas e outros meios de comunicação, também acontecerá no crioulo.

     Advérbio → Em se falando de advérbio, ele ocorrerá pelo menos em três circunstâncias. Quais? Veja a definição básica: “Palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo, um adjetivo, um outro advérbio [...], exprimindo circunstância de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, afirmação, negação, dúvida, aprovação etc.” Sendo o advérbio um ‘modificador de verbo, adjetivo, ou outro advérbio’, ele pode aparecer somente perto dessas palavras, nunca em referência a um substantivo. Voltemos no caso de “revista grátis”, “grátis” sendo advérbio e “revista” sendo substantivo se “expelem” gramaticalmente, não devem vir juntos. Veja abaixo duas frases e julgue em qual delas o emprego de “vit” está correto.

1)      Timoun yo te aji vit lè manman yo rele yo
(As crianças agiram rápido quando a mãe os chamou)
2)      Yo te kouri rapid pou yo rive lakay yo 
(Correram rápido para chegar a casa deles)

       O caso especial de “byen rapid” e “byen vit” → Sendo “byen” um advérbio de intensidade (correspondente ao advérbio “bem” no português) admite-se o uso de outro advérbio (vit) ou um adjetivo (rapid). Vejas as palavras.

1)      Li te mache byen vit (Ele andou bem rápido)
2)      Li te mache byen rapid (Ele andou bem rápido)

     Alguns ainda podem afirmar que é preferível “byen vit”, especialmente quando este estiver modificando um verbo.

      Regra geral → Foi possível chegarmos a uma regra que se aplica de modo geral, para tirar dúvidas rapidamente. Lá vai a regra geral...

“Em português, troque “rápido” por “rapidamente”,
se ainda assim a frase tiver sentido, em crioulo deve-se usar “vit”,
se não der para substituir por “rapidamente” então deve-se usar “rapid””

      Não podemos esquecer que existe a forma “rapidman” que também equivale a “rapidamente” e é advérbio, ou seja, pode ser usado nos mesmos lugares que “vit”. Vejas as seguintes frases:

1)      Ele respondeu rápido
2)      Ela é rápida
          Note-se que no primeiro exemplo podemos dizer “Ele respondeu rapidamente”, mas no segundo não é possível dizer “Ela é rapidamente”, ou seja, no primeiro devemos usar “vit” (ou, “rapidman”) e no segundo “rapid”.

1)      Li te reponn vit
2)      Li rapid

      Bem, a confusão do adjetivo e advérbio sempre existirá. Muitos professores e gramáticos renomados falam em suas obras sobre a “adverbialização do adjetivo”. No entanto, queremos respeitar as fronteiras. Às vezes, seguir as regras causa estranhamento, mesmo para os nativos. Nós usamos corretamente o advérbio “bastante” mas nunca usamos a forma “bastantes”. Dizemos “Ele trouxe bastante coisa” quando o correto é “bastantes coisas”. E a vida segue... N ap wè nan atik ki vin apre a!

Notas:

1A frase “revistas grátis” pode não ser mais a correta, mas também não é a mais errada. Hoje, a Academia Brasileira de Letras já considera “grátis” um adjetivo também, de tanta confusão tiveram de ceder. Se a Academia está de acordo, quem sou eu para não estar. Alguns dicionários discordam.


Revisão de 20/02/2016.

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domingo, 27 de dezembro de 2015

Sons do crioulo haitiano — Parte 1

      Depois de um bom tempo o projeto saiu do papel. Isso mesmo! O Blog está feliz em anunciar um novo canal no YouTube, ou seja, teremos agora artigos em vídeo. Algumas perguntas poderão ser explicadas em vídeo, principalmente as que têm a ver com a pronúncia!
      O primeiro vídeo se intitula: "Aprenda os sons do crioulo haitiano — Parte 1". Alguns de vocês já estão acostumados, ou já sabem, os sons do idioma. Mesmo assim vale a pena assistir ao vídeo. O canal estará dividido em playlists que identificarão o assunto principal dos vídeos. Por exemplo, o primeiro vídeo está postado sob a playlist "sons do crioulo haitiano", todos os vídeos ali tratarão de pronúncia. Em breve haverá outras que tratarão de assuntos gramaticais, a língua quotidiana etc..
     O nome do canal é "Aprann Kreyòl Ayisyen". Os vídeos não substituirão os artigos escritos, pelo contrário, logo se espera que tenhamos um artigo escrito que levará o mesmo nome do vídeo.
      Mandem suas sugestões, perguntas e comentem bastante. Inscrevam-se no canal para receberem os novos vídeos e não se esqueçam de dar o "Like".
     Vamos à aula ??

LINK: https://www.youtube.com/watch?v=-D0ApDXeIH8


Artigo revisado em 28/12/2015.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Particularidades do verbo ALE que você precisa saber!

      Olá! Tudo bem? Como vão os estudos do crioulo? Neste artigo você encontrará algumas particularidades do verbo ALE que são muito importantes. É verdade que os verbos no crioulo são muito mais simples do que em muitos outros idiomas, mas há alguns verbos especiais que merecem nosso estudo mais profundo, afinal queremos entendê-los bem, não é? Vamos ver um pouquinho desse verbo que “foge à regra”.
      Tudo começa pelo fato de que há duas formas desse verbo, assim como acontece com muitos outros. O Blog em breve dará explicações sobre esses verbos que têm duas formas. No caso do verbo em questão existe a forma “ale” e a forma “al”. A regra geral é: não há diferença entre “ale” e “al”. Mas, essa ainda não é a questão de que queremos tratar hoje.
       Há alguns verbos que não devem ser empregados com certos marcadores de tempo. No caso de “ale” há dois marcadores de tempo que não se devem antepor a este verbo, ou seja, não devem ser usados junto ao verbo “ale”. Quais são? Os seguintes: AP, PRAL. Vamos entender o porquê.
      AP → Conforme lemos no parágrafo acima, não se deve dizer “AP ALE”. Mas, como podemos formar o gerúndio do verbo ALE? Como dizer “indo”? Bem, para dizer INDO temos de usar PRAL (ou alguma de suas formas). Sim! Isso mesmo, PRAL além de ser o marcador do futuro é também o próprio particípio presente (igual ao gerúndio do português) do verbo ALE. Deste modo se você quiser dizer “Estou indo ao hospital”, diga “M pral lopital”. Nunca “m ap ale lopital”.
     PRAL → Conforme se explicou de modo breve anteriormente também nunca se deve dizer “PRAL ALE”. Nunca! Por quê? Simplesmente porque “PRALE” além de ser o marcador do futuro também é o verbo ALE no futuro! Assim sendo, se você quiser dizer “Irei ao hospital amanhã”, diga “M prale lopital demen”. Sendo o futuro do verbo ALE, o PRALE (e suas outras formas), prefira usá-lo em vez de VA ALE que, existe, mas, é menos usual e não se encontra em base gramatical sólida.

     Veja abaixo a conjugação do verbo ALE no presente, pretérito perfeito, presente progressivo, futuro do presente e futuro do pretérito.

PRESENTE
*Admite a forma contraída de todos os pronomes pessoais retos.
M ale → Eu vou
W ale → Você vai
L ale → Ele(a) vai
N ale → Nós vamos
N ale → Vocês vão
Y ale → Eles(as) vão

PRETÉRITO PERFEITO
*É possível omitir o “E” da partícula “TE”. Isso é facultativo.
M t ale → Eu fui
Ou t ale → Você foi
Li t ale → Ele(a) foi
Nou t ale → Nós fomos
Nou t ale → Vocês foram
Yo t ale → Eles(as) foram

PRESENTE PROGRESSIVO
*AP + ALE = APRALE → PRALE
M prale → Estou indo
Ou prale → Você está indo
Li prale → Ele(a) está indo
Nou prale → Nós estamos indo
Nou prale → Vocês estão indo
Yo prale → Eles estão indo

FUTURO DO PRESENTE
M prale → irei
Ou prale → irá
Li prale → irá
Nou prale → iremos
Nou prale → irão
Yo prale → irão

FUTURO DO PRETÉRITO
*Esta forma também equivale ao passado progressivo.
Mwen t aprale → Eu iria
Ou t aprale → Você iria
Li t aprale → Ele iria
Nou t aprale → Nós iríamos
Nou t aprale → Vocês iriam
Yo t aprale → Eles iriam

     Espero que estas explicações lhe tenham sido úteis. Pratique o que aprendeu para gravar bem. Logo novos artigos explicarão mais particularidades de verbos específicos. Fiquem atentos. N a wè pita! Babay!
Revisão de 23/12/2015.
Revisão de 07/07/2016.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

KANTA — O que significa?

      Talvez você já se tenha deparado com essa palavra ao falar com um haitiano ou ao ler algo em crioulo. Conseguiu entender seu real significado? Vamos entender melhor.
      Como já é de se imaginar esta palavra tem sua origem no francês. “Kanta” vem do francês “quant à ...” (que se lê “kanta”). Mas, o que quer dizer? Significa “quanto a”, “com respeito a”. Existe a forma “kantamwa” que vem do francês “quant à moi” que significa literalmente “quanto a mim”. No entanto, esta última forma é mais usada numa expressão que é “chante kantamwa”. Qual é o significado desta expressão?
     “Chante kantamwa”, basicamente, se refere a pessoas que estão “sempre pensando em si mesmas”. Vamos ver exemplos de frases com essas duas formas.

EXEMPLOS

Ou mèt li liv sa yo, men kanta pou liv ki ann anglè yo, pa touche yo.
Você pode ler estes livros, mas quanto aos livros em inglês, não mexa neles.

Nou tout prale Ayiti, men kanta pou li, li prale Etazini.
Todos nós iremos ao Haiti, mas com respeito a ele, ele irá aos Estados Unidos.

Moun k ap chante kantamwa pa janm prè pou aprann nan men lòt moun.

Vejam algumas opções de tradução para que você entenda o sentido:
1ª) Pessoas que ficam se gabando nunca estarão preparadas para aprender dos outros.
2ª) Os que só pensam em si nunca estarão prontos para aprender de outros.

       Repare que quando “kanta” significar “com respeito a”, ou, “quanto a”, sempre será acompanhado da preposição “pou”. Então, resumindo: “kanta pou” significa “com respeito a”, “quanto a”.


     Espero que esta breve explicação lhe tenha sido útil. Fique atento aos novos artigos. Babay!

Revisado em 24/12/2015.

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Nova Página no Facebook

     O Blog Aprann Kreyòl Ayisyen está com uma página no Facebook! Você usa esta rede social? Acesse já e curta a página. Fique atualizado com as novas matérias do Blog.

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Você pergunta, o Blog responde: Qual é o sentido do verbo "BOULE", na frase "N ap boule?"

      Olá a todos! Vamos iniciar a série de perguntas dos internautas e as respostas dadas pelo Blog. Vale notar que: não mencionaremos quem fez a pergunta. Outra coisa a notar é que talvez você reconheça que a pergunta mencionada aqui foi a sua! Mas, gostaria de lembrar que as perguntas serão adaptadas, ou seja, não serão exatamente como vocês a perguntaram. Por que não? Porque a pergunta precisa ser revisada e também, às vezes, ampliada. Vou explicar! Imagine que você perguntou: “Qual é a diferença de ANTANKE e TANKOU?” Essas duas palavras significam “como”. Mas, há também outras palavras que significam “como”. Deste modo, vou ampliar sua pergunta, e ficará: “Qual é a diferença entre “antanke”, “tankou”, “kòm” e “kòman”?” Reparou? A pergunta ficou mais abrangente. Aproveitando isso, se você ainda não sabe a diferença clique aqui e leia o artigo. Mas, vamos ao que interessa! Nossa primeira pergunta é...

Qual é o significado do verbo “BOULE” na frase “N ap boule”?
     Pergunta interessante essa. A resposta é simples: BOULE corresponde ao verbo LIDAR, nesse caso. Mas, surgiu outra questão! O internauta levantou a questão e nós prontamente a respondemos. Que questão?

Mas, “BOULE” só pode significar “LIDAR” quando
estiver acompanhado da preposição “AK”, não é verdade?
     É e não é! Como assim?! Bem, tudo é questão de regência verbal. Se vocês forem ao dicionário de verbos, verão que “boule” significa “queimar”, “ferver”, mas quando dizemos “boule ak” o verbo assume o significado de “lidar”. Isso acontece bastante na língua portuguesa, mas, na maioria das vezes, não nos damos conta. Querem um exemplo de como isso ocorre na nossa língua? Vamos ao verbo DEVER.
     Às vezes usamos o verbo DEVER para indicar a obrigação de alguém cumprir com determinada ordem ou também o empregamos no sentido de probabilidade. Veja as frases abaixo.

a) Você deve limpar isso hoje! (Vemos que “dever” está empregado aí para dar ordem)
b) Quando anos ela tem? Deve ter uns 11 anos. (Nesta frase o verbo “dever” dá ideia de probabilidade)

      Mas, e seu eu disser para você que a segunda frase está ERRADA! Como assim?! Bem, se formos seguir as regras da nossa maravilhosa língua portuguesa, teremos de mudar algo. A gramática diz que: “Para o verbo DEVER indicar probabilidade ele deve ser acompanhado da preposição DE”. Isso mesmo, de acordo com a gramática “DEVER DE” significa “provavelmente”, então a frase ficaria: Ela deve de ter uns 11 anos. Mas, é verdade que hoje a nossa língua é mais flexível e nos casos de perífrase e locução verbal (quando dois verbos se encontram) a preposição “DE” pode ser omitida. Bem... mas ainda não chegamos à resposta concreta. Vamos pensar em outro verbo. Que tal o verbo “GOSTAR”? Vamos usá-lo.
      Vamos usar a forma “GOSTARIA”. Sempre que você diz “GOSTARIA” você usa a preposição “DE”. Exemplos...

a) Gostaria de comprar um livro de crioulo haitiano
b) Gostaria de viajar ao Haiti

     Reparou? Mesmo quando dois verbos se encontram usamos o “DE” (gostaria de comprar, gostaria de viajar). Mas... há uma ocasião em que você não vai usar o “DE”. Quando???

     Imagine que eu lhe ofereça um pedaço de bolo (de chocolate!). Eu gentilmente vou dizer:
   — Gostaria de um pedaço de bolo?
      Sua resposta com certeza será... (lembre-se de que temos de usar o verbo “gostar”)
   — Sim, gostaria.

      Meu Deus!! Onde está a preposição?! Sempre que eu uso “gostaria” tem que ter a preposição!!! Não, não. Não é bem assim. Agora vamos ter que voltar lá no latim!! Afinal, o português veio do latim. O francês também. E o crioulo do francês. Assim, o latim influencia o crioulo. Vamos voltar lá então...
      Lá no latim temos a regra que diz: “Não se termina frase em preposição.” Pronto! Matamos a charada. Sempre que usamos “gostaria”, dizemos “gostaria de”, exceto quando estiver no final da frase, porque não se termina frase com preposição. Assim, voltando ao maravilhoso crioulo, temos a resposta...
      O verbo “boule” sempre terá de ser acompanhado por “ak” para significar “lidar”, ficando então: “boule ak”. Mas, quando o “boule” estiver no final vamos omitir o “ak” e mesmo assim significará “lidar”. Portanto, podemos apropriadamente traduzir a frase “N ap boule” por “Estamos lidando”, ou “Estamos levando”, que é a forma como falaríamos (não que “boule” signifique “levar”).
      Espero que este artigo tenha esclarecido algumas dúvidas. Se ainda restou alguma dúvida sobre este tema, mande sua pergunta já! Se tem outras perguntas, acesse o Blog pelo computador (ou no celular, pela versão para computador) e preencha o Formulário de Perguntas!
Revisão de 07/01/2016.

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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Ki lè li ye ? — Dizendo as horas em crioulo haitiano

     Vamos aprender algo bem básico, mas essencial — como perguntar e informar as horas! Qual é a famosa frase para perguntas as horas? Isso mesmo: "Que horas são?". Mas, e em crioulo? É só voltar ao título deste artigo. Em crioulo, dizemos: Ki lè li ye?

KI LÈ LI YE? = QUE HORAS SÃO?

     Bem, já aprendemos a pergunta. Agora, vem algo mais importante ainda, claro, a resposta! Primeiro temos de ter em mente que a divisão de horas em crioulo haitiano, assim como no inglês, é feita de 12 horas na manhã e 12 na tarde. Às vezes para indicar isso podemos usar "AM" que se refere à parte da manhã ou "PM" que se refere à parte da tarde. Mais comum ainda, na linguagem falada, principalmente, os haitianos tendem a especificar dizendo "[tal hora] pela manhã" ou "[tal hora] à tarde". Bem, então vamos passar ao crioulo.

     Vamos aprender desde a 1 hora até as 12 horas.
Uma hora = Inè
Duas horas = Dezè
Três horas = Twazè
Quatro horas = Katrè
Cinco horas = Senkè
Seis horas = Sizè
Sete horas = Setè
Oito horas = Uitè
Nove horas = Nevè
Dez horas = Dizè
Onze horas = Onzè
Doze horas = Douzè

     Para dizer "(da) pela manhã" podemos dizer "dimaten". Para dizer "à tarde" podemos dizer "nan aprèmidi". E "à noite" fica "nan aswè".

     Assim, veja alguns exemplos:
Oito horas da manhã = Uitè dimaten
Três horas da tarde = Twazè nan aprèmidi
Dez horas da noite = Dizè nan aswè

      Mas, como dizer "sete e meia" ou "quinze para as oito"? Vamos ver.
      Para dar a ideia de "meia hora" há pelos menos duas opções. A primeira é simplesmente dizer "[tal hora] e trinta minutos". Assim, se quer dizer "7h30 AM" pode dizer "setè trant dimaten". Mas, qual é a outra forma? Podemos dizer "setè edmi", esta equivale à nossa forma "sete e meia".
     Se quisermos dizer "7h45" podemos dizer simplesmente "setè karannsenk". Mas, há também outro modo de dizer esse horário, que também é muito comum. Como? Literalmente seria: 8 horas menos 1/4 (um quarto). Isso mesmo, "oito horas menos 15 minutos". Como ficaria? Para dizer "menos um quarto" (menos quinze minutos) usamos "mwenka" Assim, "7 e 45" ou "quinze para as oito" pode ser dito desta forma: "uitè mwenka".

     Agora, prestem atenção nestes detalhes a seguir.
Para dizer 3h15, podemos dizer "twazè kenz" ou dizer "twazè enka", esta última forma significando "três horas e um quarto de hora".
Para dizer 3h30 podemos dizer "twazè trant" ou "twazè edmi".
Para dizer 3h45 podemos dizer:
  1. Twazè karannsenk (três e quarenta e cinco)
  2. Twazè twaka (três e três quartos de hora)
  3. Katrè mwenka (quatro horas menos 1 quarto (15 minutos), ou seja, 3h45)

     Depois de vermos todos esses detalhes, vamos à resposta completa da pergunta "Ki lè li ye?". Para respondermos, basta dizer "Li [e acrescentar a hora]". Vamos praticar...

     Kesyon: Ki lè li ye? (Que horas são?)
     Repons: Li katrè edmi. (São as 4 e meia)

     Vamos relembrar um pouco do vocabulário que vimos e aprender novas palavras úteis...
hora = lè, è, èdtan
minuto = minit
segundo = segonn
manhã = maten
tarde = aprèmidi
noite = aswè
meio-dia = midi
meia-noite = minui
tarde (no sentido de atrasado) = anreta
cedo = bonè

      Quando você estiver se referindo a um período de hora, use "èdtan". O que quero dizer com isso? Bem, imagine que você fez uma viagem e alguém pergunta: Quando tempo daqui até lá? E você quer responder: 3 horas. Então diga: Twa èdtan.

      Por último, imagine que você quer dizer: [tal hora] EM PONTO! Como diria? A expressão para "em ponto" é "TAPAN". Assim, imagine que você queira dizer: O casamento vai começar às 18:00 em ponto! Como ficaria? Assim: Seremoni maryaj la va kòmanse a sizè tapan.

      Espero que o artigo tenha sido útil para você se aprofundar no assunto das horas em crioulo!! Fique atento aos novos artigos!!! Até mais.

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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Novo Dicionário de Verbos em Crioulo Haitiano disponível!

     É um prazer informá-los de que está disponível uma nova ferramenta para os estudantes do crioulo haitiano! Mas, ANTES de abrir o link para o dicionário é muito importante que você leia este artigo para saber mais detalhes desta ferramenta e poder tirar o melhor proveito dela.
     Em primeiro lugar, tenham em mente que este é um dicionário em construção. O que isso quer dizer? Bem, em poucas palavras, esta obra não está completa, mas, já que beneficiará a muitos, decidi disponibilizá-la de forma eletrônica, assim todos poderão se beneficiar do que já está pronto. O dicionário será atualizado regularmente, por isso sempre que consultá-lo pode haver algo novo. Como você pode contribuir para o dicionário? Reportando erros, mandando novos verbos para que sejam incluídos, mandando perguntas específicas sobre o uso de um verbo, ou seja, tire suas dúvidas, comente. Pode ser que alguns verbos bem básicos ainda não estejam inseridos, por quê? Às vezes ainda se está fazendo pesquisa a respeito de alguma particularidade deste verbo.
      O dicionário também tratará da regência de alguns verbos. A regência verbal estuda a relação de verbos e preposições. Pode ser que um verbo tenha um sentido diferente dependendo da preposição que o acompanha. Um exemplo básico é o verbo SÈVI, que pode apropriadamente ser traduzido por SERVIR. Mas, quando após o verbo SÈVI empregarmos a preposição AVÈK (ou AVÈ ou AK) o sentido é o mesmo do verbo USAR. Veja abaixo dois exemplos:

Yo sèvi Wa peyi a = Eles servem o Rei do país
Sèvi ak selilè w pou ou aprann Kreyòl = Use seu celular para aprender crioulo

     Às vezes, a maneira como alguns verbos são escritos diferem de autor para autor. Por exemplo, o verbo SUIV às vezes é escrito como SWIV. Neste dicionário eu darei prioridade a um em vez de deixar as duas formas. A preferência de um pelo outro se dá por meio de pesquisa das regras de escrita do idioma e também por razões etimológicas.
      Note que os verbos estão divididos em ordem alfabética de acordo com o alfabeto português.
      Espero que esta nova ferramenta possa ser de ajuda para o aprendizado do crioulo! Comece a usá-la logo! N'ap wè.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O DICIONÁRIO

Revisado em 31/12/2015.
Revisado em 16/12//2015.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Entenda o uso do ANPIL de uma vez por todas!

     Incontáveis alunos de crioulo haitiano têm perguntado a respeito do uso de ANPIL, principalmente sobre a colocação dele na frase. Este artigo pretende resolver esta questão de uma vez por todos! Então, pare tudo o que está fazendo. Desligue a TV, o rádio, tudo! Concentre-se apenas nisso agora. Pegue uma caneta e lápis para anotação. Pare durante a leitura do artigo, medite sobre o que você está lendo. Entenda cada uma das frases do artigo. Chega de drama, vamos lá. (rsrsrs)
    Para saber posicionar corretamente a palavra ANPIL numa frase em crioulo haitiano, você deverá saber como esta palavra está funcionando na frase. É muito importante entender a função de ANPIL na frase, assim saberá onde colocá-lo. Vamos então começar com a língua portuguesa, a sua querida língua materna.
     No português, pode-se inserir o vocábulo MUITO em pelo menos duas classificações:
1ª : Advérbio de intensidade.
2ª : Pronome indefinido.

QUANDO É ADVÉRBIO
     Então, teremos de descobrir como a palavra MUITO está funcionando na frase que nos está deixando com dúvida. É advérbio? É pronome? Vamos ver um pouco sobre MUITO quando é ADVÉRBIO.
     Uma característica dos advérbios é que eles são INVARIÁVEIS. Nunca vão mudar. Não variam. Por exemplo, veja esta frase:
Estou muito feliz
     A palavra "muito" usada nesta frase é um advérbio de intensidade! Como sabemos? Esse "muito" não varia. Mesmo se eu mudar o pronome EU para NÓS (plural), a palavra continuaria invariável. Veja...
Nós estamos MUITO felizes
     Tudo variou, menos MUITO. Assim é classificado advérbio de intensidade, intensificando o adjetivo "feliz". Também, não varia o gênero. Digamos que "Camila está muito feliz". Continua "muito", não muda para "muita". Assim, o advérbio não varia nem em número, nem em gênero.

QUANDO É PRONOME INDEFINIDO
     Quando "muito" é pronome indefinido (indicando quantidade, mas não um número específico), a palavra é VARIÁVEL! Sendo variável a palavra tem sua forma masculina (MUITO) e feminina (MUITA). Também varia em número, a saber, MUITOS e MUITAS. Veja um exemplo...

Há muitas escolas na região
Há muita gente estudando
Há muitos idiomas no mundo
Há muito dinheiro no banco

      Repare que a função é falar de quantidade (embora incerta). Diferente do advérbio que sempre modifica um verbo, adjetivo ou outro advérbio, dando ênfase, mas não falando em quantidade.
     Então, faça algumas frases com MUITO, sem pensar muito, vá escrevendo. Depois, tente identificar como o MUITO está funcionando em cada uma das frases que você fez, ou achou. Em português mesmo!!! É advérbio? É pronome? Vamos então ao crioulo e então veremos como a função da palavra MUITO afetará a colocação dela na frase.

USANDO "ANPIL" EM CRIOULO HAITIANO
      Regra básica: Quando "anpil" for empregado na frase como advérbio de intensidade, ele virá após o verbo, adjetivo ou advérbio que ele modifica. Quando for empregado como pronome indefinido ele virá antes do substantivo que ele quantifica (mesmo que indefinidamente). Abaixo há algumas frases para que você identifique a função da palavra MUITO. Classifique cada uma conforme você entendeu antes de continuar lendo o artigo. Faça uma anotação. Depois, continue lendo o artigo e veja se acertou.

1. Eu gosto muito disso. ( ) Advérbio     ( ) Pronome
2. Estes parágrafos são muito importantes. ( ) Advérbio     ( ) Pronome
3. Muita gente mora na cidade de São Paulo. ( ) Advérbio     ( ) Pronome
4. Muitos sofrem com a guerra. ( ) Advérbio     ( ) Pronome

    E aí? Conseguiu classificar todas? Vamos observar os detalhes de cada uma das frases e então poderemos traduzir a frase para o crioulo e posicionar corretamente o ANPIL na frase.
 
     Primeira frase: Algo interessante da primeira frase é que o "muito" está colocado bem ao lado de um verbo. Lembra-se de que uma das funções do advérbio é modificar (intensificar, no caso do "muito") um verbo? Mas, para ter certeza de que ele está funcionando como advérbio, que é invariável, vamos ver o que acontece se mudarmos todos os elementos da frase para o plural. Fica assim: Nós gostamos MUITO dessas coisas. Notaram? Mesmo mudando todos os elementos da frase para o plural, não houve alteração na palavra "muito", assim ela é invariável, sem dúvida um advérbio. Portanto, ao traduzi-la ela ficará após o verbo. Assim, "Eu gosto muito disso" em crioulo fica: "Mwen renmen sa ANPIL."
     Segunda frase: Não há muito o que comentar. A frase inteira está no plural, "Estes parágrafos são MUITO importantes", e ainda assim o MUITO é invariável, ou seja é um advérbio também. Assim, o "anpil" será colocado após o adjetivo que ele intensifica. A frase em crioulo traduz-se por: Paragraf sa yo enpòtan ANPIL.
     Terceira frase: Também não há muito o que comentar, afinal a frase começa com MUITA, se fosse advérbio não variaria para o feminino, assim é pronome indefinido. O "anpil" fica anteposto ao substantivo. Traduzindo para o crioulo: Gen ANPIL moun ki abite nan vil São Paulo a.
     Quarta frase: Muitos sofrem com a guerra. E aí? Isso mesmo! É, novamente, pronome e virá antes do susbtantivo. Opa! Mas, onde está o substantivo? Está subentendido! No crioulo eu vou ter de acrescentar a palavra "pessoas", ficando "Muitas pessoas sofrem com a guerra". Em crioulo: Anpil moun soufri akòz lagè.

     Espero que estas explicações sejam suficientes para sanar a maioria das dúvidas. Se ainda houver algum ponto que cuase dúvida, não hesite em mandar sua pergunta!  

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

PINGA — O que é e como usá-lo

     Olá a todos!!! Estamos começando uma nova fase no Blog. Depois de um tempo sem publicar, devido a muitas atividades, estou me esforçando para acelerar e finalizar a escrita de vários artigos interessantes. Continuem mandando suas perguntas! Hoje falaremos do PINGA que muito tem sido questionado. Vamos aprender?
     Bem, primeiramente vamos ter em mente a situação em que usamos PINGA (lembrando que a sílaba mais foi é a última, assim, lê-se: pin - GÁ). O PINGA cumpre o objetivo do imperativo. E, na língua portuguesa, temos o imperativo afirmativo e negativo. O PINGA serve para os dois, mas haverá uma diferença na construção para identificar o imperativo como negativo ou afirmativo. Mas, vamos relembrar no português essas duas formas do imperativo?
     Explicando de forma bem básica o imperativo afirmativo dá ordens e o negativo proibições. Todos os dias vemos umas placas que dizem: PARE! Este é o imperativo afirmativo. Às vezes, vemos em alguns lugares: NÃO ULTRAPASSE. Este é o imperativo negativo. Já deu para lembrar, né? Então vamos ao crioulo. Vamos começar com o imperativo NEGATIVO, usando o PINGA.
     Podemos dizer que o PINGA serve como um NÃO enfático. No crioulo temos vários "não", por assim dizer. Temos o contrário de Wi (sim) que é Non (não). Este é um advérbio de negação. Depois temos o "não" que nega a ação do verbo, é o PA. Por exemplo, LI PA PALE PÒTIGÈ, que é: ele não fala português. E temos o PINGA que é o NÃO enfático, para proibições. Para quem fala inglês, pode-se comparar o PINGA a uma expressão que é "Don't you dare!", que pode ser traduzida por: "não ouse (fazer algo)!". Usamos, às vezes, ao dar conselhos enfáticos. Vejam essa frase abaixo...

PINGA OU PALE AVÈ L = NÃO FALE COM ELE

     Poderíamos traduzir também como: não ouse falar com ele! Treine algumas frases com PINGA nesse sentido. Mas há outra construção com o PINGA que leva a frase para o imperativo afirmativo. Vamos vê-la...
     Para construir essa uma frase com PINGA, no imperativo afirmativo a fórmula é...

PINGA + sujeito (pronome ou nome próprio) + PA + verbo + complemento (predicado)

     Vamos usar a frase "Não fale com ele" (imperativo negativo) e transformá-la em imperativo afirmativo, ou seja, queremos dar a ordem: FALE COM ELE! É só seguir a fórmula apresentada... então fica...

PINGA OU PA PALE AVÈ L ! = FALE COM ELE!

    Esta frase está dizendo, literalmente: NÃO ouse NÃO falar com ele!!!! Ou seja, FALE COM ELE!!!

PINGA OU PA ETIDYE KREYÒL
Literalmente: NÃO OUSE NÃO ESTUDAR CRIOULO
Tradução, sentido: ESTUDE CRIOULO !!!

     Espero que este artigo possa sanar as dúvidas de todos quando ao uso do PINGA, se ainda resta dúvida, fique à vontade para comentar ou mandar sua pergunta!!! Até mais!!!

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

KRIK ? KRAK ! — Não se confunda!

     Ouvi dizer que se eu falasse "Krik!?" a um haitiano, ele instintivamente responderia "Krak!" Será mesmo? Eu fiz o teste. Deu certo!! Assim que eu disse "krik" ele respondeu "krak". rsrs. Mas, "krik! krak!" trata-se do quê? Bem, é isso o que veremos neste artigo.
    Basicamente "Krik? Krak!" é o nome de uma brincadeira haitiana. Geralmente, um adulto diz "Krik?" e as crianças respondem "Krak!". Depois que respondem "krak!" o que vem em seguida? Enigmas!! Sim, as crianças são desafiadas a acertar enigmas. Dá-se a elas um enigma e há uma palavra que é a correta. Separei alguns dos mais simples que há desses enigmas, assim você poderá usar de exemplo e quem sabe usar essa brincadeira para treinar seu vocabulário. A pergunta estará em português, mas você deve respondê-la em crioulo!!  Vamos lá...
Krik? Krak! É redondo e dourado e é símbolo de casamento? Yon bag !
Krik? Krak! Tem quatro paredes e é um lugar onde moram pessoas. Yon kay !
Krik? Krak! Como se chama um jovem rapaz? Yon ti gason !
Krik? Krak! O que geralmente tem quatro pernas e usamos para sentar? Yon chèz !
Krik? Krak! Uma criança recém-nascida... Yon ti bebe !
Krik? Krak! A pessoa que mora ao lado da sua casa. Yon vwazen !
Krik? Krak! Não tem cor, nem cheiro e é um líquido transparente. Dlo !
     Viu como ajudará você a treinar o vocabulário? Mesmo que as perguntas sejam em português... Com o tempo passe a fazer as descrições também em crioulo. Bem, mas há outra forma de usar "krik...krak". Vamos aprendê-la? Na verdade é a expressão "pou ti krik ti krak". Já a viu em algum lugar? Vou dar uma frase para que possa vê-la em uso.

Li te konn fache pou ti krik ti krak

    "Pou ti krik ti krak" nessa frase equivale a algo como "sem motivo aparente" ou "sem motivo algum". Então a tradução é "Ele costumava ficar bravo sem motivo." Portanto, é isso: sem motivo, sem razão, sem nenhum motivo aparente etc. Também, às vezes dizemos "Ela ficou brava por nada", "Eles brigam por qualquer coisa". Então gente: perseverem no aprendizado do crioulo e não desistam pou ti krik ti krak (por qualquer coisinha)!! Vamos em frente!! Até o próximo artigo!!

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segunda-feira, 20 de julho de 2015

Tank ... se tank ...

     O que é "tank...se tank..."? Simples: uma conjunção subordinativa proporcional. (rsrs) Vamos ver na prática para entender melhor.
     Essa conjunção do crioulo haitiano equivale a pelo menos duas conjunções proporcionais da língua portuguesa, que são: "quanto mais ... mais" e também "quanto mais ... menos". Vamos ver algumas frases para entender melhor.

Quanto mais você comer fruta, mais saudável você será.

      Como ficaria essa frase em crioulo? Começamos com o "tank" e depois o repetimos, mas com o verbo "se" antes, fica então: "se tank".

Tank ou manje fwi, se tank w ap gen yon bon sante.

      Vamos ver uma frase com "melhor". A frase é:

 Quanto mais praticar, melhor falará o crioulo.
Tank ou pratike, se tank w ap pale kreyòl la byen.

     Vamos ver agora como ficaria uma frase com "quanto mais...menos". A frase é:

Quanto mais tempo você passar com os amigos, menos estresse terá.
Tank ou pase plis tan avèk zanmi n, se tank w ap gen mwens strès.

      Repare que na frase que queremos dizer "quanto mais ... menos" devemos, além de usar "tank ... se tank", usar também a palavra "menos" que é "mwens".
      Faça umas frases em português usando essas conjunções e traduza-as para o crioulo, será de muita ajuda. Quanto mais mandarem perguntas, mais artigos o Blog terá. Até o próximo artigo!

P.S.: Este artigo foi escrito em resposta a muitas perguntas e sugestões, não deixe de mandar sua pergunta e sugestão de artigo.

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Aprender francês? Aprender crioulo? Eis a questão! — LE FRANÇAIS versus KREYÒL LA

      Devo aprender francês? Devo aprender crioulo? Se eu aprender francês vai ajudar no crioulo? Ouço muito dessas perguntas... O que posso fazer é dar minha opinião. Se ela é a melhor opinião, se está certa, ou não, bem... Vou dar minha opinião. Aliás, esse é o primeiro artigo do blog que não tem conteúdo de ensino direto do idioma, mas vai abranger outras áreas que são importantes e responder as dúvidas de muitos.
     As primeiras perguntas, que só você pode responder a si, são: 'Preciso aprender os dois?' 'Meu objetivo é: falar com haitianos ou franceses (ou, africanos de países francófonos)?' Qual é sua urgência? É verdade que essas línguas estão relacionadas. O crioulo haitiano é um dos vários outros "crioulos de base francesa". A similaridade, pode ser de grande ajuda. Mas, pode ser inimiga. Pode sim. O que é mais fácil? Sem dúvida: crioulo haitiano. Acredite, francês não é a língua mais fácil do mundo. Se você já sabe, ótimo!
     Saber crioulo haitiano pode ajudar no aprendizado do francês. Saber francês vai ajudar no crioulo. E, essa segunda opção, acho que é a melhor. Vou ser mais claro: se você decidiu que precisa aprender os dois, aprenda o francês. (Que medo de falar isso! rsrs) Mas, o mais fácil não é o crioulo? Sim! No entanto, acho bom que você comece pelo mais difícil. Eu diria que saber francês e depois aprender crioulo será melhor do que o caminho inverso. Não que o inverso seja impossível. Então, não se assuste se já começou a aprender crioulo mas também tem o desejo de aprender o francês, vá em frente. Agora, se você caiu nesse artigo e nem começou a aprender nem um, nem outro, e quer aprender os dois, e o crioulo não é tão urgente, aprenda o francês.
      Não estou aqui afirmando que é assim e pronto, acabou! Não. Essa é a visão que eu tenho hoje, alguns perguntaram, eu respondi! rsrs. Espero que possa ter ajudado em algo. Vou compartilhar algo muito interessante com vocês.
     Qual francês é falado no Haiti? "Como assim?!" Ué, em Portugal é um português e aqui outro. No Haiti é o francês haitiano. Obviamente. E mais interessante ainda é o fato de o "francês haitiano" ter diversas similaridades com o "francês canadense", mais do que com o francês francês (o da França). Não só em estrutura frasal, mas também no sotaque! Muito interessante, não é?
     Abaixo veja uma tabela que compara o francês europeu com o canadense e, também, com o crioulo haitiano. Note as similaridades.

     Reparou como o francês do Quebec se parece mais ao crioulo? Bem, por hoje é isso. Tentarei trazer artigos sobre a cultura haitiana também! Continuem mandando suas perguntas, sugestões de artigos etc! Até mais! Babay!

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segunda-feira, 22 de junho de 2015

O FUTURO no crioulo haitiano — PRAL, PRALE

    Colocar os verbos no futuro é bem simples. Faremos o uso da partícula de tempo PRAL. Simples, como nos outros casos, que já aprendemos, basta colocar PRAL antes do verbo e ele já estará no futuro. No entanto, há algumas coisas muito importantes que temos de saber a respeito do PRAL. Vamos praticar? Então vamos lá...
    Como ficaria a frase: "Eu vou falar com ele amanhã"? Lembre-se de que o verbo "falar" é "pale", para colocá-lo no futuro basta colocar antes a partícula PRAL. Então a frase fica: Mwen pral pale avè l demen. Pronto, construímos nossa frase no futuro. Note que em português podemos usar o futuro regular (FALAREI) ou podemos usar o verbo IR no presente + o verbo principal no infinitivo (VOU FALAR) e formamos o futuro. Não há diferença ente "falarei" e "vou falar" ambos estão no futuro do presente, apenas usei a forma mais comum no português moderno (falado).
      Outra frase... "Eu o visitarei no mês que vem". Como fica? Simples... Mwen pral vizite'l mwa pwochèn.
     Agora chegamos a uma parte bem importante. O "pral" por si só, às vezes, é um verbo. Como assim? Primeiro, é bom alertar que existem duas formas mais usadas "PRAL" e também "PRALE", elas são iguais. Vamos voltar no "AP" para que vocês entendam o que eu quero dizer. Vimos que o "AP" é o marcador do particípio presente (que se parece ao gerúndio do português, forma verbal que termina em -ando, -endo, -indo e que indica algo que está acontecendo no momento da fala). Sabemos que "comer" é "manje", então se quisermos dizer "comendo" dizemos "ap manje", também "cantar" é "chante" por sua vez, "cantando" é "ap chante". Ótimo!
      Sabemos que "ir" é "ale", assim o particípio presente do verbo "ir", que em português é "indo", em crioulo fica ... PRALE !!! Isso mesmo, não dizemos "ap ale"... NÃO ... "indo" é "PRALE". Também nunca usamos o "PRAL" antes do verbo "ALE", porque ele também já é o verbo "ALE" (ir) no futuro. Vamos ver duas frases para observar isso na prática.
     Estou indo à sua casa agora = M prale lakay ou kounye a. (Nunca diga "ap ale")
     Eu irei à sua casa amanhã = M prale lakay ou demen. (Nunca diga "pral ale")
       Então, em resumo... o que é "PRAL" ou "PRALE"? Ambas as formas são o marcador de futuro para todos os verbos, exceto o verbo "ALE". O futuro do verbo "ALE" é "PRALE" (nunca: "pral ale") e o particípio presente do verbo "ALE" também é "PRALE" (nunca: "ap ale").
        É isso por hoje! Fiquem atentos às novas postagens. Até mais!
 Revisão de 07/07/2016.

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terça-feira, 16 de junho de 2015

O Passado Imperfeito no crioulo haitiano

     Primeiramente, vamos relembrar o que é o pretérito imperfeito. Conforme explica o Professor Douglas Tufano em uma de suas obras sobre conjugação verbal, um dos usos desse tempo verbal serve para "expressar uma ação passada habitual ou repetida." O que isso quer dizer? Basicamente usamos esse tempo verbal para indicar algo que costumávamos fazer no passado, mas não fazemos mais. Por exemplo: Eu falava com ela todo dia // Eu vendia livros. Esses verbos, no pretérito imperfeito, geralmente terminam em -ava, -ávamos, -avam, -ia, -íamos, -iam.
     Para mais detalhes em relação à diferença do pretérito perfeito e imperfeito clique aqui para ler um artigo sobre isso.
     Vamos, então, ao crioulo. A partícula de tempo usada para transportar o verbo para o pretérito imperfeito é TE KONN. Como no caso das outras partículas, basta colocá-la entre o pronome e o verbo. Vamos construir algumas frases para praticar.
Eu o visitava todo domingo = M te konn vizite l chak dimanch.
Eu lia dois livros por mês = M te konn li de liv chak mwa.
      Repare que para verificar se o uso da partícula TE KONN é necessária podemos fazer uso do verbo "costumar", como assim? Pense num dos exemplos acima: Eu o visitava todo domingo... Podemos também dizer: Eu costumava visitá-lo todo domingo. Assim, como pudemos usar o verbo "costumar" em lugar do verbo no pretérito imperfeito a partícula TE KONN foi usada.
      No português, às vezes, usamos o pretérito imperfeito em outras ocasiões. Por exemplo, usamos em pedidos: "Queria falar com ele, pode chamá-lo?" Como podem notar, apesar de no português termos usado o pretérito imperfeito, em crioulo não poderemos usar o TE KONN, nem dá para fazer a substituição e colocar o verbo "costumar" na frase. Quando você quiser usar o "queria" no sentindo de pedido, use sempre "ta renmen" que é o equivalente a "gostaria". O "ta" será discutido mais tarde em outro artigo só para ele!
      Basicamente é isso. Pratiquem para gravar bem. Usem bastante o que estão aprendendo. Até mais! E... não se esqueçam de mandar dúvidas.

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Passado Perfeito — O passado no crioulo haitiano

     Como colocar o verbo no passado? Como vimos, no presente as conjugações para todas as pessoas são as mesmas. Ex.: M pale, W pale, Li pale, Nou pale, Yo pale. E no passado, como fica? As conjugações também não mudam. Basta acrescentarmos a partícula de tempo que leva o verbo para o passado. Ela deve vir entre o pronome (mwen, ou, li, nou, yo) e o verbo. Mas, qual é essa partícula? É a partícula "TE".
     O marcador de tempo "TE" transporta o verbo para o pretérito perfeito. O pretérito perfeito, resumindo, é o mais básico que se refere a eventos concretos que aconteceram no passado. Ex.: Visitamos o Haiti // Falei com ele ontem // Aprendi crioulo com um amigo.
     Usemos essas frases como exemplo. "Visitamos", é o passado de "visitar". "Falei" é o passado de "falar" e "aprendi" é o passado de "aprender". Em crioulo precisamos indicar quem "visitou", "falou" ou "aprendeu". Assim, temos que usar o pronomes antes do verbo. Depois disso colocamos o "TE", que indica passado. E, finalmente, colocamos o verbo. Vamos ver como fica cada uma dessas frases em crioulo...
Visitamos o Haiti = Nou te vizite Ayiti
Falei com ele ontem = Mwen te pale avè l yè
Aprendi crioulo com um amigo = M te aprann kreyòl avèk yon zanmi m 
     Ao fazer negações no passado. Como fazer negações no passado? Por exemplo, suponhamos que você queira dizer "Não falei com eles ontem". Você está negando algo no passado. Como fazer isso em crioulo?
     Já viu o artigo que fala sobre como fazer negações? Se não viu, clique aqui. Se já viu, você sabe que devemos usar o "PA". Ele nega a ação do verbo. E, como vimos nesse artigo, devemos usar o "TE" para o passado. Então, como fica? PA TE... Sim, mas, não. Há ocorrência de PA TE em linguagem escrita, mas prefira usar PA T. (Isso mesmo, sem o "E") Vamos, então, à construção da frase que queremos traduzir...
Não falei com eles ontem = Mwen pa t pale avèk yo yè.
     Por hoje é isso!! Fique alerta nos próximos artigos. Mandem suas dúvidas sobre qualquer assunto relacionado ao crioulo haitiano. Sugiram assuntos!! Até mais! N'a wè pita!

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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Presente progressivo — Usando o AP em crioulo haitiano


     Como construir frases no presente progressivo, usando o gerúndio da língua portuguesa? Em português o gerúndio dos verbos é usado para indicar algo que acontece no momento da fala. Por exemplo: "Você está lendo este artigo". O verbo "ler" aí foi usado no gerúndio. O gerúndio é a forma nominal do verbo que termina em -ando, -endo e -indo. Também há os derivados do verbo "pôr" que terminam em "-ondo". Em crioulo haitiano usamos a partícula "AP" para transportar o verbo para o "presente progressivo". Assim, peguemos um verbo para exemplo. Podemos escolher o verbo . . . VANN, que é o verbo VENDER. Qual é o gerúndio de "vender"? Isso mesmo! É "vendendo". E como ficaria em crioulo? Simples! Basta acrescentar o "ap" antes do "vann", assim, fica ... AP VANN = VENDENDO. Ótimo!!! Vamos a outro detalhe.

AP — Presente progressivo

     Vamos agora formar uma frase no presente progressivo. Primeiro em português e depois nós a traduziremos para o crioulo. Vamos usar novamente o verbo VANN (vender). Podemos dizer algo como . . . "Estou vendendo meu carro". Vamos pensar na construção dessa frase em português. Usamos aí o verbo "estar", acrescentamos o gerúndio do verbo "vender" e indicamos o que está à venda.
      Na língua portuguesa (em linguagem formal), SEMPRE que usamos o gerúndio precisamos usar o verbo "estar" antes. "Estou falando", "está vendendo", "estamos comendo". No crioulo isso NÃO é necessário. Não precisamos usar o verbo "estar". Basta acrescentar o "AP". Vamos, então, traduzir a frase que fizemos acima.
      ESTOU VENDENDO MEU CARRO ... como fica em crioulo?
      Não podemos simplesmente dizer "estou". Quem está? "Eu". Então colocamos "Mwen". Mas, não usaremos o verbo "estar", então já esquecemos dele e partimos para o "AP". Depois do "AP" colocamos o verbo principal, que é ... "VANN". E como se diz "o meu carro"? Lembre-se de que em crioulo não dizemos "meu carro", mas é invertido e fica: "carro meu". Ops! Lembre-se, também, de que o artigo "O" deve ir para o final, não no começo como em português. Então ... fica... MACHIN MWEN AN. Juntando tudo isso temos a frase ...
      Mwen ap vann machin mwen an = Estou vendendo meu carro.
     Mas, podemos reduzir um pouco essa frase. Como? Bem, podemos trocar "MWEN" pela sua forma curta, que é "M". Assim ficaria...
     M'ap vann machin mwen an.
     Agora vem um detalhe muito importante!! O uso do "ap" não acaba aqui. O "ap" é usado em outra situação que indica futuro!! Vamos considerá-la agora.

AP — Quando "ap" indica o FUTURO

      É muito comum, no crioulo haitiano, o "ap" ser usado para construções do futuro. Sim! Geralmente quando o "ap" é usado para dar a ideia de futuro, haverá na frase um marcador de tempo específico. Na língua portuguesa esse uso do gerúndio é menos frequente, mas ocorre em alguns casos. Quando dizemos para alguém: "Estou chegando aí em 5 minutos", ou "Pode deixar! Amanhã já estou ligando para ele e a gente resolve isso". Reparou? Usamos o gerúndio, que seria para um evento que está acontecendo no momento, mas na frase há marcadores como "em 15 minutos" ou "amanhã" que indicam que o evento é futuro, não está em progresso ainda. Vamos ver algumas frases comuns que podemos ouvir por aí ...
      M ap rele ou demen = Literalmente significa: Estou ligando para você amanhã. Mas, se fôssemos traduzir, não vamos traduziríamos assim. Diríamos: Eu te ligo amanhã, ou Amanhã eu vou te ligar. (Nós, em português, usamos também o presente para expressar futuro. "Eu te ligo" é presente, o futuro é "Eu te ligarei" ou, como está na segunda frase: "Vou te ligar".)
     Ki lè w ap rive? = Literalmente seria: Quando você está chegando? Mas a ideia que queremos expressar é: Quando você vai chegar? (Ou: quando você chegará?)

PAP — A negação do AP

      Como já vimos em outro artigo (se não viu clique aqui), para fazermos frases negativas usamos o "PA". Se quisermos fazer uma frase negativa no presente progressivo juntamos o "PA" com o "AP". Mas, não fica PAAP, fica PAP. Ou, pode ser que vocês também vejam como "P'AP", tanto faz como esteja escrito.
     Usando o "pap" para negação no presente progressivo: Lembra-se da frase que fizemos lá no começo do artigo? A frase é: Estou vendendo meu carro, em crioulo é: M ap vann machin mwen an. Se quisermos transformar essa frase afirmativa em negativa, substituímos o "AP" por "PAP".
     Assim, a frase fica: Mwen pap vann machin mwen an = Não estou vendendo meu carro.

     Usando o "pap" para negação do futuro: Do mesmo modo que em algumas ocasiões o "ap" será usado para o futuro, também usaremos o "pap" para negar o futuro. Voltemos à frase "M ap rele ou demen" (Vou te ligar amanhã). Se quisemos transformar essa frase em uma negação, basta substituirmos o "AP" por "PAP".
      Assim fica... Mwen pap rele ou demen (Não vou te ligar amanhã)

Dúvidas?!?! Mandem suas perguntas!! Sugiram assuntos!! Fiquem atentos aos novos artigos! Até mais! Babay!

Nota: Falamos bastante do gerúndio neste artigo, o que segue a tradição da gramática portuguesa. Em crioulo não há propriamente o gerúndio, esta forma com o AP chama-se, na verdade, particípio presente, na gramática crioula haitiana.
Revisão de 07/07/2016.

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sábado, 16 de maio de 2015

Antanke, tankou e kòm — Qual é a diferença?

     "Antanke", "tankou" e "kòm" são palavras muito comuns no crioulo haitiano e todas podem ser traduzidas por "como". Mas, há diferença? Qual é a diferença? Isso é o que queremos saber.
     Já pensou qual é a classificação de "como" na língua portuguesa? Bem, a gramática dá a essa pequena palavra de 4 letras pelo menos duas classificações: advérbio e conjunção. Quando ela funciona como advérbio seu significado é: "de que modo". Quando funciona como conjunção seu significado é: "do mesmo modo que; na qualidade de". Muita gramática pra nossa cabeça, né? Vamos à prática para entender melhor.
     Dependendo da frase o vocábulo "como" terá um significado diferente. E é justamente isso que temos de entender que há de diferente entre ANTANKE, TANKOU e KÒM. Então vamos entender quando se usa cada um.
     ANTANKE — Esta forma da palavra "como" geralmente é usada no sentido de "na posição de", "na qualidade de". Veja abaixo exemplos que te darão uma visão melhor do assunto.
     Como seu professor quero dizer que você é um bom aluno.
     Reparou? Podemos substituir "como" por "na posição de". "Na posição de seu professor" ou "Na qualidade de seu professor quero dizer que você é um bom aluno". Podemos também dizer algo como: "Michel serve como presidente do Haiti". Como ficaria em crioulo? "Michel sèvi antanke prezidan Ayiti." Reparou? Podemos substituir o "como" por "na posição de", ou "na qualidade de".
      TANKOU — Outra função do vocábulo "como" é o da comparação. Dizemos: "Isso é branco como a neve". Esse "como" tem sentido de "assim como", "da mesma maneira que". Veja que podemos dizer: "Isso é branco assim como a neve" ou "da mesma maneira que a neve". Em crioulo fica: "Sa  blan tankou lanèj". Mas, e que dizer de "kòm"?  Veja abaixo.
     KÒM — A palavra "KÒM" também é geralmente traduzida por "como". Qual é a diferença dela em relação a "antanke" e "tankou"? Bem, ficará feliz em saber que ela pode ser usada em todos esses casos mencionados. Assim, podemos substituir "antanke" por "kòm" e também podemos substituir "tankou" por "kòm". Na dúvida, use "kòm".
     Podemos dizer: Michel sèvi antanke prezidan Ayiti -ou- Michel sèvi kòm prezidan Ayiti.
     Podemos dizer: Sa  blan tankou lanèj -ou- Sa blan kòm lanèj
     Mas, lembre-se de algo importante: Se quisermos fazer uma pergunta com a palavra "como", por exemplo: Como você está? Ou, como você se chama? Então, usaremos o "como" que inicia perguntas. Há duas formas principais: Kòman e Ki jan. Assim, as frases ficam: Kòman (ou, ki jan) ou ye? (Como você está?) Ki jan (ou, kòman) ou rele? (Como você se chama?).
     Espero que o artigo tenha esclarecido suas dúvidas!!! Continuem perguntando. Isso beneficiará a você e outros!! Até o próximo artigo. N'a wè pita!

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sexta-feira, 15 de maio de 2015

Negação — Construindo frases negativas em crioulo haitiano


     Hoje vamos aprender algo bem básico: construir frases negativas no presente. Não se assuste, não é nada difícil. Já viu o artigo sobre a conjugação de verbos em crioulo? Se ainda não o viu, clique aqui.
     Pense na frase que utilizada no artigo anterior, sobre as frases no presente. A frase é: Bruno gosta de pão. Como transformar essa frase afirmativa em negativa? Basta acrescentar o advérbio "não", que aparecerá entre o sujeito (Bruno) e o verbo (gostar). Assim, a forma negativa é: Bruno NÃO gosta de pão.
     Em crioulo é a mesma coisa. Mas, como dizer "não", nesse caso? Duas letras: PA. Assim, se a frase é "Bruno renmen pen" a sua forma negativa é . . . Bruno PA renmen pen.
     Então "PA" é usado para negação no meio de uma frase, quando estamos negando a ação expressa pelo verbo. "Eu não falo inglês" é "Mwen pa pale anglè". "Eu não assisto à televisão" é "Mwen pa gade televizyon". Mas, e se nos fizerem uma pergunta e nossa resposta for negativa? Pode ser que perguntem algo como: "Èske w renmen pwason?" (Você gosta de peixe?) Como podemos dizer "não"? Nesse caso ao invés de "PA" usaremos simplesmente o advérbio "non".
Èske w renmen pwason? Non. 
     Mas, suponhamos que vamos dar uma resposta completa e diremos: Não, eu não gosto de peixe. Como ficaria? Isso mesmo. Usamos "PA".
Èske w renmen pwason? Non, m pa renmen pwason.
     A regra simples da negação vale para a maioria dos verbos. Usa-se o "PA" antes do verbo. Há um caso especial quando usamos o verbo SE (Ser e Estar), que será considerado em outro artigo. E, por exemplo, com o verbo MÈT (poder) nunca usamos o "PA". (Já viu o artigo que fala sobre o verbo MÈT? Clique aqui para ler.)
     Treinem suas frases negativas. Até o próximo artigo!

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quinta-feira, 14 de maio de 2015

Presente do indicativo - Formando frases em crioulo

***Já viu o artigo "Conjugando verbos em crioulo haitiano"? Pode ser de proveito lê-lo antes de ler esse. Clique aqui para lê-lo!***     
      Olá! Vamos começar a aprender os tempos verbais do crioulo haitiano? Bem, vou tentar ser bem claro nas explicações para que vocês já saiam por aí falando muito crioulo. (risos!) Vamos lá então...

      Antes de formar uma frase, veja o artigo que trata da conjugação de verbos no crioulo haitiano clicando aqui. Já viu? Então, siga lendo este artigo!

      A estrutura de uma frase em crioulo haitiano não é diferente de uma frase em português, no presente. Mas, qual é a estrutura de uma frase simples, no presente, na língua portuguesa? Veja abaixo.

      SUJEITO (a pessoa de quem se fala) + VERBO (a ação que a pessoa exerce*) + COMPLEMENTO (informações que complementam o verbo)

      Bruno gosta de pão = Sujeito (Bruno) + Verbo (gosta) + Complemento (pão)

      Em crioulo ... Bruno renmen pen = BRUNO sujeito + RENMEN verbo + PEN complemento

      Se quisermos transformar essa frase afirmativa em interrogativa devemos acrescentar "èske" que é marcador de perguntas. (Para mais informações sobre como formar perguntas em crioulo clique aqui.) Então, ficaria assim: "Èske Bruno renmen pen?". Não há nenhuma inversão para perguntas, como há em algumas línguas.

      Para treinar os pronomes pessoais (relembre quais são clicando aqui), vamos formar essa mesma frase com cada um deles.

Mwen renmen pen = Eu gosto de pão

Ou renmen pen = Você gosta de pão

Li renmen pen = Ele (ela) gosta de pão

Nou renmen pen = Nós gostamos de pão

Nou renmen pen = Vocês gostam de pão

Yo renmen pen = Eles (elas) gostam de pão

       Notou que em crioulo não se usa a preposição "de" nesse caso? Não dizemos "eu gosto de pão", é como se disséssemos: "Eu gosto pão". Isso mesmo. No português o verbo é Transitivo Indireto (exige preposição) mas em crioulo haitiano ele é Transitivo Direto (não requer preposição).

      Mas, e se quiséssemos transformar essa frase afirmativa em negativa? Bem, isso é o que veremos no próximo artigo. Aguarde!

*Há também verbos de ligação que indicam "estado" em vez de "ação". Estes verbos ligam o sujeito a uma característica particular, um adjetivo.


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