Este artigo pertence a um novo gênero de
artigos que serão postados no Blog. Como todos sabem, temos tratado bastante da
gramática da língua escrita. Mas, como também se sabe, a escrita e a fala são
dois universos distintos. Algumas coisas só pertencem à fala. Outras, são mais
comuns na escrita. Hoje, vou registrar alguns “fenômenos” que fazem parte da
fala dos haitianos, mas não é registrada na escrita formal. Você está convidado
a embarcar no mundo da fala com o Blog Aprann
Kreyòl Ayisyen!
Bem, hoje, só por hoje (rsrs), vamos
esquecer a tradicional gramática e vamos entender como algumas coisas funcionam
na realidade do falante. Por isso, não vou analisar gramaticalmente esses
fenômenos linguísticos, apenas quero registrá-los e, assim, quando se depararem
com isso saberão o que é que os haitianos querem dizer.
S’on → Repare que eu fiz questão de colocar
o apóstrofo (‘) separando o “S” do “on”. Por quê? “S’on” é a aglutinação do
verbo “se” com o artigo indefinido “yon”. Isso mesmo. Em vez de dizer “se yon”,
no quotidiano o mais comum será ouvir “s’on”. O uso do apóstrofo serve para
marcar que houve a perda de algumas vogais neste processo de aglutinação; deste
modo não se confunde “s’on” com “son”, que é o substantivo “som”, em português.
Na
escrita...
Li se yon bon moun = Ele é uma pessoa
boa
Mas na
fala...
Li s’on bon moun = Ele é uma pessoa
boa
G’on → Consegue descobrir que duas palavras
se juntaram? Esta é a aglutinação do verbo “gen” (ter) com o artigo indefinido “yon”
(um, uma). Veja como funciona.
Na
escrita...
Mwen gen yon zanmi ayisyen
= Tenho um amigo haitiano
= Tenho um amigo haitiano
Mas na
fala...
M g’on zanmi ayisyen
= Tenho um amigo haitiano
= Tenho um amigo haitiano
F’on → Esta trata-se da aglutinação do
verbo “fè” (fazer) com o artigo indefinido “yon” (um, uma).
Na
escrita...
Èske ou ka fè yon ti bagay pou mwen?
= Pode fazer uma coisa para mim?
Mas na
fala...
Èske ou ka f’on ti bagay pou mwen?
= Pode fazer uma coisa pra mim?
Hoje, compartilhei estes três fatos que
fazem parte da língua falada. Há muitos outros. Outro dia ouvi “g’anpil”, de “gen”
com “anpil”. No nosso idioma também há casos semelhantes. Dizemos “pra” em vez
de “para a”. Dizemos “coa” em vez de “com a”. Essas contrações já não aparecem
nos textos, mas são registradas pela língua culta! E, sem dúvida, continuam
vivas na fala.
Esse foi o artigo de hoje. Por favor, “conta
co Blog pra te ajudar coa língua”.
Compartilhe nos comentários as que você já ouviu! Até mais. Babay!
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
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Bravo!!!
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