quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Preposições: POU

                Nesta nova série, Preposições, começaremos por uma bastante usada — pou.
                É muito comum ouvir que “pou” corresponde a “para” e nada mais. Simples assim. Mas... será que é só isso mesmo?
                Há pelo menos quatro preposições equivalentes a “pou” em português. São elas: a, para, por, de. Vejamos algumas frases-exemplo em que “pou” é usado com cada um desses siginificados.
A, PARA
                A preposição “a” e “para” estão bastante relacionadas e, modernamente, empregamos as duas sem distinção na maioria dos casos no português. Essas preposições têm um sentido ablativo, ou seja, de afastamento em relação ao sujeito da oração. Então o sujeito é o ponto de partida e o objeto se afasta dele, que vai em direção a outra pessoa (ou lugar).
                Um presente para você
                Yon kado pou ou
                O “pou ou” é, também, muitas vezes equivalente ao que pela tradição gramatical brasileira se chama “pronome possessivo”, que mais é um adjetivo possessivo. Portanto, numa frase como “Este livro pertence a”, “Este livro é de(o, a)” traduziríamos “Liv sa a se pou Bruno”, por exemplo. Literalmente seria “Este livro é para o Bruno”, ou seja, é dele.
                O “pou” pode ter também sentido adlativo, ou seja, em direção ao sujeito. Diferente dos exemplos que vimos agora, em que há uma sensação de afastamento em direção contrária ao sujeito, o “pou” pode ser usado também na seguinte ocasião:
                Comprei uma maçã para eu comê-la
                M te achte yon pòm pou m manje l
POR
                Às vezes “pou” terá o sentido de “por”. E isso é algo a que devemos prestar muitíssima atenção. Alguns verbos do crioulo estão cheiíssimos de armadilhas seriíssimas! rsrs.
                O que acontece é que muitos verbos têm transitividade diferente da dos verbos portugueses. O que é essa tal “transitividade”? De maneira simples: é o fato de o verbo pedir ou não complemento. Um verbo como “miar” (do gato), é intransitivo. Dizemos “O gato miou” e pronto, não falta nada na frase. Mas um verbo como “gostar” pede um complemento, afinal, quem “gosta”, “gosta de” alguma coisa! “Eu gosto de chocolate.” Veja que interessante! O verbo “gostar” além de exigir que se diga a coisa que você gosta, pede também a preposição “de”. Não se diz apenas “Eu gosto chocolate”.
                Vamos ao verbo “orar”. Em português, nós “oramos a Deus”, “para Deus”. A preposição é essencial. Mas em crioulo se diz apenas “Orar Deus”. O verbo priye (orar) não pede preposição!
                Eu oro a Deus todos os dias
                Mwen priye Bondye chak jou
                Mas, e se eu colocar o “pou”?! “Mwen priye pou Bondye”? Isso significa “Eu oro por Deus”. Será que Deus precisa que alguém ore a favor dele?! Então não use “pou”.
                Não é tão fácil saber e prever as diferenças entre o crioulo e o português nesses aspectos, mas fique atento ao ler em crioulo e seja observador na hora de comparar com o português. Isso o ajudará muito!
DE
                Por último, com alguns verbos, e, infelizmente, não é possível dar uma lista de todos, o “pou” significará “de”. Nesse caso, ele só terá sentido ablativo, ou seja, em direção contrária à do sujeito. Um exemplo é o uso de “pou” com o verbo “correr”, que é “kouri” em crioulo.
                Ao juntarmos esse verbo e essa preposição “kouri pou”, não temos o sentido de “correr para (em direção a)” mas sim o sentido de “correr de (distanciar-se de)” alguma coisa.
                Reflitam bastante nesses exemplos e pratiquem! Logo haverá uma atividade aqui para que pratiquem o uso do “pou”.
Babay!

2 comentários:

  1. Sempre falei mwen priye pou bondye ���� muito bom aprender a maneira certa. Obrigada

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